O bom desempenho de estruturas prediais moldadas in loco está intimamente ligado ao concreto empregado nas obras. As variações e a baixa qualidade dos insumos que compõem o produto podem gerar problemas de consistência, fluidez e abatimento quando ele está em estado fresco e até ser responsável pela sua menor resistência à compressão (fck) em seu estado endurecido. Percalços que podem comprometer o tempo de vida útil do empreendimento.

A resistência do concreto à compressão, seja em concreto tradicional ou concreto autoadensável, deve ser especificada de acordo com critérios econômicos e, principalmente, de durabilidade. Do ponto de vista econômico, em determinados casos, concretos de fck maiores demandam menos consumo de aço por metro cúbico, o que em pavimentos mais baixos, onde as cargas são maiores, pode significar uma redução expressiva nas armaduras, principalmente em pilares, deixando a estrutura mais barata, uma vez que o preço do concreto é menor quando comparado ao do aço.

Para um prédio de 30 andares, há quem defenda o uso de concreto autoadensável, como apregoa Douglas Couto, diretor da Abece Inovação, um grupo criado pela Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural (Abece) para promover o relacionamento da entidade com universidades, pequenas empresas e o público geral. "O concreto autoadensável tem resistência ideal de 40 MPa a 90 MPa e é sempre preferível por ser mais sustentável, sem ruído (pois não necessita ser vibrado), ter leveza maior para os operários, rapidez superior na hora da aplicação, além de danificar menos as fôrmas e conceder melhor acabamento."

O Concreto Auto Adensável ou Fluido (CAA) que é um tipo de concreto, com grande variedade de aplicações é obtido pela ação de aditivos super plastificantes, que proporcionam maior facilidade de bombeamento, excelente homogeneidade, resistência e durabilidade.

O termo concreto autoadensável (CAA) identifica uma categoria de concreto que pode ser moldado em fôrmas preenchendo cada espaço vazio através exclusivamente de seu peso próprio, não necessitando de qualquer tecnologia de compactação ou vibração externa.

O CAA foi desenvolvido no Japão no ano de 1983, porém teve mais destaque em obras civis em 1997 quando fizeram a concretagem das ancoragens da ponte com maior vão livre do mundo a Akashi-kaikyo (Japão). A partir de então começaram a fazer mais estudos e análises sobre este tipo de concreto. No Brasil a primeira grande concretagem com o CAA foi apenas em 2004, em Goiânia. Mas o principal obstáculo para o uso deste tipo de concreto é o elevado preço, pois seu preparo requer aditivo como superplastificantes e modificadores de viscosidade e seu manuseio também requer mão de obra qualificada.

 

Conteúdo extraído da Revista CONSTRUÇÃO Nº 174 Ano 69 – Janeiro de 2016, editora PINI.